Por mais mulheres na ciência e tecnologia

Momento de enfatizar a necessidade e importância do potencial das Mulheres nas pesquisas, ciências e tecnologias.

Sabemos que a participação das mulheres na Ciência e Tecnologia, ainda se mostra muito aquém à necessidade evolutiva do mundo em que vivemos.

Estatísticas da ONU nos mostram que, em níveis globais, apenas 33% de pessoas pesquisadoras são mulheres e recebem menos financiamento para pesquisa do que os homens. No setor privado, os números são ainda menores indicando a falta de representatividade feminina nas lideranças das empresas e em cargos técnicos nas indústrias de tecnologia.

>> As mulheres representam apenas 22% de profissionais presentes em inteligência artificial e 28% de pessoas graduadas em engenharia.

Essas sub-representações gritantes limitam nossa capacidade de encontrar soluções inclusivas e sustentáveis para as problemáticas modernas, bem como para construir uma sociedade mais plural e inclusiva.

Você sabia que no Fórum Geração Igualdade, em 2021, foi lançada a Coalizão de Ação de Tecnologia e Inovação, reunindo governos, empresas do setor privado, o sistema da ONU e a sociedade civil para assumir compromissos concretos com mulheres e meninas em STEM (Ciências, Matemáticas, Engenharias e Tecnologia na sigla em Inglês)?

A partir desta ação tem-se o compromisso de, até 2026, dobrar o percentual de mulheres trabalhando em tecnologia e inovação, a partir do incentivo e garantia da inclusão de mulheres e meninas em busca de soluções para os maiores e mais complexos problemas da nossa sociedade.

E por que ações como essas são necessárias?

Porque embora a participação de mulheres na ciência, ao redor do mundo, seja antiga, ela sempre foi muito limitada em virtude da estrutura machista/patriarcal em que a civilização foi pautada, desde os primórdios. Em virtude disto, sempre houve a crença equivocada de que o gênero feminino é mais delicado ou “frágil” para estar em determinados ambientes, considerados muito masculinos!!

Mas o que significa isso em pleno século XXI?

A necessidade de desconstruir antigas crenças e remover todo e qualquer obstáculo de nossos caminhos.  Espero que seja essa a sua resposta, sem dúvida!

E para nos inspirar a desconstruir, questionar, enfrentar e ressignificar as crenças e estruturas que tentam nos limitar, eu lhe convido a homenagear e se inspirar em mulheres que fizeram e fazem a diferença no mundo, apesar de todos e quaisquer obstáculos que lhes foram ou são impostos. Quem são elas? Venha comigo…

Segundo Nadia Kovaleski, Cíntia Tortato e Marília de Carvalho, autoras do artigo As relações de gênero na história das ciências: a participação feminina no progresso científico e tecnológico, existem relatos da presença feminina na pesquisa científica desde o Antigo Egito. 

Elas citam Hatexepsute no Egito, uma médica faraó que organizava expedições para buscar plantas curativas e Theano na Grécia, aluna de Pitágoras que mais tarde se tornou sua esposa e escritora de livros sobre matemática e física. 

Porém, a mais famosa das pesquisadoras da antiguidade é Hipátia de Alexandria, que estudava astronomia e matemática e ficou conhecia por inventar o densímetro, instrumento que permite medir a densidade de líquidos. 

Dando um salto para os Séculos XX e XXI, que nos impactam diretamente, podemos citar algumas outras mulheres que contestaram o sistema e construíram seus legados. São elas:

1. Nise da Silveira: Brasileira, nascida em 1905, se formou em medicina em 1931, na Bahia, sendo a única mulher entre outros 157 estudantes do sexo masculino. 

Nise da Silveira

Contrata em 1944 para trabalhar no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, Nise se opôs às práticas usadas para tratar os internos, transformou e humanizou a psiquiatria tornando-a muito mais eficaz. Quer conhecer mais sobre ela? Assista o filme: Nise – O Coração da Loucura, 2016 dirigido por Roberto Berliner.

2. Sônia Guimarães, brasileira, 64 anos, a paulista Sônia Guimarães é uma mulher pioneira na ciência brasileira por conta de suas conquistas no universo da física. 

Sônia Guimarães

Mulher negra, concluiu a faculdade de física em 1979 e em 1989 tornou-se a primeira mulher negra brasileira a ser doutora pela University of Manchester Institute of Science and Technology, na Inglaterra e entrou para o quadro de professores do ITA, Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em 1993, uma época em que era uma das poucas mulheres no campus. Importante enfatizar que o instituto só passou a aceitar o ingresso de alunas em 1996

3.    Graziela Maciel Barroso – Brasileira, nascida em 1912, é um nome essencial para a botânica, sendo conhecida como a principal taxonomista (descrição, identificação e classificação) de plantas do país. 

Graziela Maciel Barroso

Educada para ser dona de casa, casou-se aos 16 anos com o agrônomo Liberato Joaquim Barroso. Aos 30 anos ela começou a estudar botânica, em casa com o marido, e em 1946 se tornou a primeira mulher a fazer concurso para naturalista no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Graziela trabalhava com sistemática de plantas e, embora não tivesse curso superior, treinava estagiários, mestrandos e doutorandos. Aos 47 anos ingressou no curso superior de biologia da Universidade do Estado da Guanabara e, aos 60, defendeu sua tese de doutorado na Universidade Estadual de Campinas. 

Durante sua atuação profissional, ela foi responsável por identificar 25 espécies de vegetais, batizados com seu nome, tais como: Dorstenia grazielae (caiapiá-da-graziela) e Baubinia grazielae (pata-de-vaca). 

Graziela teve suas conquistas reconhecidas em vida, recebendo a medalha Millenium Botany Award e sendo convidada para fazer parte da Academia Brasileira de Ciências. Infelizmente, a cientista faleceu em 2003, um mês antes de poder assumir seu lugar na ABC.

4.    Mais recente e mega relevante, a Cientista Jaqueline Góes de Jesus tem uma Barbie em sua homenagem na linha de mulheres que atuam contra o Covid-19.

Jaqueline Góes de Jesus com a Barbie em sua homenagem

Essa mulher incrível liderou a equipe que conseguiu mapear o genoma do vírus SARS-CoV-2 em 48 horas (um tempo recorde, já que a média para esse tipo de procedimento é 15 dias), ela e sua equipe foram responsáveis pelo sequenciamento que permitiu diferenciar o vírus que infectou o primeiro paciente brasileiro do genoma identificado na China. 

Aos 31 anos, Jaqueline é biomédica, natural de Salvador, filha de uma enfermeira e de um engenheiro civil e atualmente é pesquisadora bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em nível de pós-doutorado, no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo — Universidade de São Paulo (IMT-USP).

Como não nos sentirmos orgulhosas de pessoas com essa garra e potencial realizadores? É disso que estamos falando. Nosso Brasil e o mundo está repleto de potenciais meninas e mulheres para se juntarem aos tantos cientistas do mundo e fazerem uma grande diferença na humanidade, através desta pluralidade de conhecimentos, habilidades individuais e percepções diversas!! Vamos ser divulgadores e incentivadores desta ideia?

Mas os feitos não param por aqui e não dá para deixar de citar, pelo menos, mais algumas mulheres pioneiras que desafiaram todas as probabilidades e sistemas para fazer a diferença e são elas:

Marie Winkelmann Kirch, primeira mulher a descobrir um cometa; 

Émilie du Chatelet, tradutora das obras de Newton e teórica de física; 

Elizabeth Fulhame, primeira pesquisadora profissional de química; 

Marie Curie, ganhadora de dois prêmios Nobel, em química e física, considerada a mãe da física moderna por seu trabalho com a radioatividade; 

Hedy Lamarr, uma das criadoras da tecnologia que hoje é utilizada em redes móveis, Wi-Fi e dispositivos bluetooth; 

Florence Rena Sabin, primeira mulher a ganhar uma cadeira na Academia Nacional de Ciências dos EUA por seu trabalho com o sistema linfático e imunológico; 

Chung-Pei Ma, liderou a equipe de cientistas que descobriu dois dos maiores buracos negros já observados; 

Gertrude Belle Elion, vencedora do Nobel em 1988 por criar medicamentos para amenizar sintomas de leucemia, herpes e HIV/AIDS; 

Juana Miguela Petrocchi, especialista em entomologia que descreveu 11 espécies de mosquitos; 

Chien-Shiung Wu, física chinesa que se tornou a primeira presidente mulher da American Physical Society nos EUA.

A partir destes nomes e homenagens, deixo aqui registrado o nosso desejo e empenho pela transformação do nosso mundo em um lugar mais equânime, igualitário e empático, a fim de que todas as pessoas possam ser elas mesmas, respeitadas e incluídas em todo e qualquer ambiente, com suas diferenças e possibilidades únicas!!!

A RM Consulting é uma consultoria especializada em sustentabilidade do negócio, que trabalha com base nas práticas de ESG, atuando em todo o Brasil.

Fonte: https://ead.pucpr.br/blog/mulheres-na-ciencia

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